Não bastando a crónica insatisfação, pode sempre acrescentar-se a crónica tristeza.
Já não bastavam os filmes de terror que puxam pelas mentes perversas, pelos medos mais profundos que assaltam o inconsciente e que provocam os maiores arrepios e, precisamente, terrores;
Não bastavam os filmes que usam o sexo como arma de captação de audiências (onde já se viu, por exemplo, um padre "perder-se" por uma Soraia Chaves qualquer? Por miúdos ainda vá que não vá...). Até porque ninguém sabe o que aquilo é. Coisa obscena, essa do sexo!
Já agora, porque será que não se enaltecem os filmes de cariz pornográfico, tendo em conta o exemplo do coito interrompido que desde sempre usam?;
Não bastavam os filmes com tiros, facadas ou simplesmente o uso das mãos, tudo em troca de violência gratuita, que os meninos são tão facilmente influenciáveis. E por falar em violência e miudos, já me esquecia dos video-jogos, esses instrumentos do demo;
Não bastavam os filmes de guerras (se bem que a esses parece-me que ninguém aponta o dedo...);
Já não bastavam "Os Malucos do Riso", "O Jornal Nacional de 6ª (categoria, presumo) Feira" ou os programas apresentados pelo João Baião ou pela Merche Romero;
Já não bastava o alcóol, o tabaco, os ácidos, o açúcar, a gordura, a pastilha-elástica, a falta de exercício físico, a ausência de legumes na alimentação, o sol, o stress, as borbulhas e todos os demais malefícios...
Temos agora que afinal as Comédias românticas são más.
Ou pelo menos não são tão positivas como se pensava, dizia ou sentia.
E porquê, perguntam vocês?
Sinceramente não sei mas há quem saiba. Segundo os especialistas (adoro quando não me lembro dos responsáveis pelas afirmações e só recordo o que li a partir daí) destas matérias, parece que a ideia implícita do "e viveram felizes para sempre" é negativa.
Principalmente para os casais. Porque estabelecem padrões de felicidade e realidade irreais, principalmente (pasmem-se!) para as mulheres.
E porque sugerem que para lá daquele encontro ou reencontro de ambos os corações, tudo será fácil e mais nenhuma barreira se lhes atravessará.
O que é falso.
Surgirão os filhos. E com eles a dura discussão sobre que nome lhes atribuir. E que tipo de educação a dar.
Depois vêm os problemas financeiros; os problemas de drogas com os filhos (que - ia-me esquecendo - são mais feios que o Alberto João, o que constitui logo ali a base da insatisfaão crónica); o desemprego - dos pais e, no futuro, dos filhos; a menopausa; a queda da beleza física da mulher, a qual leva o homem a perceber que afinal não ficou com ela por outros motivos que não físicos; traições conjugais; impotência sexual (o que afinal não deverá levar à traíção, pelo menos por parte dele); e por aí adiante até que a morte os separe...
Não será possivel tornar a nossa existência ainda mais infeliz? Claro que é!
No meio disto tudo só faltam mesmo os filmes de humor e comédia.
Porque não devemos rir, porque, como tudo na vida, a boa disposição é passageira e o destino do ser humano é o sofrimento.
Porque o que rimos hoje, choramos amanhã.
Porque não é só feio mastigar de boca aberta. É feio de qualquer maneira. E porque os sons que são emitidos não se coadunam com as regras de etiqueta.
E porque podem sempre saltar uns resquícios de saliva, o que com a Gripe Suína (desculpem mas não me agrada a A, demonstra falta de criatividade) não é muito bom...
"C'hórror, rir!"
Uma coisa é certa, eu não deixarei de ver as Comédias-românticas. Logo eu, um Comédio-romântico-dependente!
Só um aparte, quando foi que esquecemos que os principais formadores e educadores de pessoas são os pais das mesmas e não a sociedade? (E não me venham, por favor, com a história de não haver tempo e o stress e tretas do género...)
16 comentários:
Hum... Ao que parece, você está um tanto "infezado" hoje, heim! eheheh
Nem eu sei direito o que tem acontecido. Parece-me que as pessoas, hoje, levam a vida no "embalo", ou seja, vivem aquilo que é conveniente, sem pensar na famosa, "o que eu quero para mim? De verdade.". Talvez, porque pensar nos próprios desejos e sonhos demande bastante energia e angústia, às vezes.
Conheço algumas pessoas que deixaram seus sonhos para trás a fim de fazer aquilo que os pais pedem, que a religião manda, que a sociedade impõe, tocando a vida sem a certeza de se era mesmo aquilo que queriam. Normalmente, mais tarde, frustram-se por não terem corrido atrás de seus sonhos enquanto podiam.
Dizer "não" às imposições exige um preço e nem todos estão dispostos a pagar. Por isso, a eterna insatisfação: medo de ser diferente.
Um beijo!
Ah, com relação ao "mineirês", já ouvi pessoas com este sotaque (não a ponto de se nada entender, eheheh), posso dizer que é muito engraçado, eu ri muito!
A forma que se não entende (como a que coloquei no blog) predomina em regiões rurais ou pequenas cidade do estado de Minas Gerais. Nas grandes cidades, apesar da diferenciação na fala, é possível conversar numa boa.
Bem, se rir faz mal... azar o meu!
Porque ri ao ler o teu post e além disso, se há coisa que me dá um prazer enorme é uma sentida e sonora gargalhada... a etiqueta que se lixe!
Gostei! Estás de volta e, pelo que li, em forma!
Tu foste ao ginásio, Treze! ;)
Mas eu não tenho tempo... e depois ando cheia de stress e assim outras coisas do género! =D
ah ah ah!!
GiGi,
confesso que fui à procura e não encontrei o significado de "infezado"... :)
Mais do que medo de ser diferente é medo de exclusão.
E sim, deve ser bem engraçado a fala :)
Pronúncia,
nem sei que te diga quanto a teres achado piada... Ainda bem, digo eu :D
Isto tem altos e baixos e creio que por vezes nota-se. Mais pela qualidade dos textos do que pela ausência.
Não tenho ido ao ginásio, nem mesmo ao mental :) MAs é sempre bom pensarem que estou em "forma". Obrigado ;)
Ginger,
só tu para dares uma resposta dessas :D.
E hoje tomei "conhecimento" de que afinal falas com um propósito muito próprio. Quem diria... :)
Se eu tivesse tempo para ver essas coisas todas era rafeiro para concordar contigo. Mas numa coisa acredito, os jogos de PC fazem a malta ficar violenta. Eu pelo menos quando não consigo conquistar um castelo no Stronghold II apatece-me logo espancar a minha jove!
Rafeiro,
como a mim me faz acreditar que poderia fazer parte dos novos-galácticos do Real quando marco um golo no PES...
Ops, desculpe... Não é "infezado", é "Enfezado", LOL Normalmente, se pronuncia na primeira forma.
Significa bravo, zangado :-)
GiGi,
tirando hoje (ontem), é todos os dias :D
Não estava "enfezado", estava sim a ser irónico :)
Portugal, por sua vez, é uma tragicomédia romântica.
os portugueses riem para não chorar mas amam profundamente este país (pelo é o que dizem)
Moyle,
creio que amam por determinadas pessoas e também muito pelo que o país tem para oferecer a nível de beleza natural...
Estava brincando quando eu disse que você estava "enfezado"... eheheheh :-D
As coisas não são assim tão simples, e este é um comentário para o texto de cima.
forte,
pois não, não são. A quem o dizes...
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