Se um dia se quiser projectar a mentalidade e liderança futura de um povo basta esperar pelo início do ano lectivo do ensino superior.
Ver de um lado uns quantos caloiros, pintados (des)artisticamente ao sol à espera que o semáforo caia no vermelho para abordar os condutores - por certo com alguma parvoíce (mas são as praxes e o condutor até acha piada ser incomodado, desde que não peça moedinha) - e do outro lado os praxantes à sombra de uma oportuna árvore em convívio desafogado e com a bela da "miner" na mão só me dá-me que pensar quanto à necessidade destes últimos de sentirem, ainda que por breves momentos (1, 2 semanas?) a adrenalina da ditadura correr-lhes pelo corpo fora...
(Sim, é uma generalização e não, nunca fui praxado)
Sei que há por aí quem seja adepto da coisa e há três coisas das quais nunca me convencerão.
A primeira é a treta de que as praxes têm como objectivo a integração social. Sempre socializei e fiz pessoas amigas por onde passei, quer na escola, quer no trabalho - sim, já agora porque não?
A segunda é que ninguém me tira da cabeça de que não há uma qualquer frustração ou défice de algo por detrás daquilo... Talvez aquela sensação de, ainda que por pouco tempo, mandar em alguém, fazer vir ao de cima o que de mais básico e instintivo há no ser humano - o domínio sobre o próximo.
A terceira é de que um dos motivos não seja o de "adiar" a entrada nas aulas. É que há pessoas - porque as conheço e não serão excepção - que anseiam o ano lectivo inteiro e as férias pelo período das praxes.
Mas se os caloiros gostam e precisam, quem sou eu...?
8 comentários:
sim 13, não sejas chato, tá?
deixa lá a jubentude divertir-se e abusar e ser abusada...
Por acaso fui praxado, mas nunca praxei. Se calhar falta-me essa vertente ditatorial.
Não ficai particularmente amigo de quem me praxou, via-os na faculdade e... nada; nem bom dia nem boa tarde, não significavam nada mais do que colegas de curso.
apesar de não sentir apreço pela praxe, sempre achei piada à Latada de Coimbra, vai-se lá saber porquê; talvez por que gostei quando foi a minha.
eu participei mais por pressão de pares que por convicção e pareceu-me um desperdício de tempo tão grande que não tinha mesmo jeitinho nenhum para aquilo. só fiquei lixado de nos meus tempos de caloiro não ter ninguém a tentar embebedar-me, porque era mesmo isso que eu queria...
paciência, já passou está passado
E chegou a voz discordante... eu! ;)
Praxei e fui praxada.
Gostei mais de ser praxada do que de praxar, mas nunca obriguei ninguém a ser praxado. Queira, tudo bem, não queria tudo bem na mesma, mas depois eu que não os visse a praxarem caloiros nos anos seguintes... (aconteceu uma vez, um dia conto-te).
Atenção que há praxes e praxes. Brincadeiras engraçadas tudo bem, agora tudo o que seja exagero, humilhante, nem pensar.
Fiz grandes amigos (que ainda hoje o são) entre os meus praxadores e praxados... e olha que já passaram uns bons anitos :)
Inconstante,
quem, eu? :)
Catsone,
acho que acaba sempre por depender de quem o faz. Em muitos casos é mesmo para passarem um bom bocado e depois vão à vida até que o novo ano chegue...
Moyle,
vá-se lá saber porquê, mas pensei que fosses dos que gostam de praxar :) Se calhar reconheceram pela tua atitude que querias alcóol e "lixaram-te" :D
Pronúncia,
e eu a sentir que serias uma voz discordante :D
Eu acho que ali muitas atitudes que deixam muito a desejar, mesmo que não venha qualquer mal físico ou psicológico ao caloiro. Acho-os ridículos, com aquelas atitudes de "mauzões". Só isso. E já é muito...
Enviar um comentário