Vamos lá a despachar que não há tempo! (diz, parecendo que andamos sempre a cumprir religiosa e escrupulosamente os nossos deveres profissionais - as if!).
Que rica!
Há os homens e as mulheres. Gente diversa.
Gente alta, baixa, magra, gorda, assim-assim.
Gente bonita, feias e cinderelas. E as que passam despercebidas.
Há as que têm no seu físico o seu forte e quem tenha na mente a sua espada.
Há as bem e as mal dispostas.
Tatuagens, piercings e afins.
Diferentes estilos de indumentária. Penteados para todos os gostos. Música para todos os ouvidos.
Só para aflorar alguns...
A Humanidade permite milhões de permutações. A sua diversidade é imensa - excepto estes putos que de repente parece que descobriram o ex-estilo beto de Cascais e que são mais do que deviam ser... - tornando-se, se não culturalmente, pelo menos visualmente rica.
Mas é por aí que se fica.
E daí advém a definição (a minha) de melting-pot, ou seja, a uniformização:
- A insatisfação crónica.
Se não há saúde é porque não há e é um desgraçadinho.
Se a há é porque tem um trabalho e não um emprego e de lá não retira qualquer prazer.
Se tem um emprego, não recebe o suficiente.
Não se podendo queixar da remuneração, é o chefe que é um chato e está sempre a moer-lhe a cabeça e não ganha o suficiente para andar sempre a ser o mesmo a levar com a carga toda.
Se não é por isso é porque não tem namorado/a.
Se por acaso o/a tem, é porque é com aquele/a do outro lado da rua que seria feliz.
Se não é por isto é porque está um calor tremendo e o faz transpirar apesar dos 3 quilos do tal desodorizante em que supostamente se enfrenta 1001 obstáculos e ainda assim se chega ao encontro imaculado, ou porque não pára de chover, o que a deixa triste.
Se é porque sim, é porque não é porque não e vice-versa.
Mas se tem tudo que o/a completa, algo está mal porque isto de correr tudo bem é atípico e alguém anda a conspirar contra si e mais vale preparar-se para o pior.
Ou isso ou é o Benfica que não sai da cepa torta. Pode ser que com o [Jorge] Jesus...
Falando em Jesus. Vem-me à ideia a religião.
"Não és religioso/a? Tens que ser!"
"És religioso/a? Sou!"
(E então em jeito dos putos a compararem tamanhos) "O meu Deus é maior e melhor e mais poderoso e mais sábio que o teu. Infinitos! Disse primeiro!"
E então vai bomba. Porque sim.
"Porque eu sou superior a ti. E o meu estilo de vida é diferente e bem melhor que o teu."
"E já agora, atiro-te uns quantos homens-bomba ou bombardeio-te (em retaliação) uns quantos prédios porque a cidade é minha!"
E partilhar, não?
"Partilhar? Vocês estão doidos??"
Sim, sem dúvida que é melhor rebentarem-se uns aos outros.
Ou isso ou rebentarem convosco próprios. Não há nada melhor que os amigos fármacos para elevar o espírito...
É interessante que hoje ao mínimo gesto negativo, levam logo com o "distúrbio de personalidade". E nada mais fácil do que aviar uns quantos anti-depressivos do que andar a perder tempo. É mais giro andar ca moca. É fashion.
Por falar nisso, gostaria de propôr uma experiência interessante aos "meninos" e "meninas" desta nova geração Xanax, insatisfeita e vazia (com o expoente máximo e culturalmente importada do lado de lá do Atlântico, digo eu). Que tal fazerem um intercâmbio social com, sei lá... Alguns jovens da Somália? Ou da Etiópia? Ou preferem a Palestina? Parece-vos bem?
Para finalizar num aparte, cujo filme merece um texto próprio, eis um dos melhores trocadilhos que vi em muito tempo, porque só pode ser visto desta forma (e não só esta questão):
PS: Continuo a questionar se Deus existe (para além de nós próprios). Aos poucos vou saindo desta casca de agnóstico para dar numa de ateu. É que há algo que não bate certo (e a isso hei-de ir, quando souber escrever). Ou então alguém o apanhou desprevenido (ou a dormir) e soltou o que não devia...
9 comentários:
Se você não sabe escrever, ai, o que é de mim, então? LOL
Excelente exposição, ela faz pensar. E, muitos destes pensamentos são meus também. Às vezes, damo-nos umas "bronquinhas" por tanta insatisfação, quando muito, envergonhamos nós mesmos.
Quanto a taxações, como "agnóstico", "ateu", "católico", etc. e tal, não nos preocupemos. Apenas, "cultivo um conjunto de valores que me fazem melhor a cada dia, dentro dos padrões de possível convivência".
Beijos!
PS: ameeeei: "Há as que têm no seu físico o seu forte e quem tenha na mente a sua espada".
Se há coisa que não suporto é ouvir pessoas que dizem ter "problemas". Aqueles que se queixam do chefe, que não têm tempo para isto e para aquilo, que se queixam porque está frio ou porque está calor, que se queixam porque queriam um telemóvel de 500 Euros novinho em folha porque o deles (que tem menos de um ano) já está "velho",que se queixam do bife que tem gordura, que não gostam daquela refeição só porque não, que se queixam de tudo, que se queixam de nada.
A essas pessoas digo sempre "e tu já imaginaste como é que estão as pessoas no Darfur ou na Somália ou em países semelhantes? Se achas a tua vida miserável só porque não tens o novo Iphone, Ipod ou Ioraioqueoparta, ou porque tiveste 15 e querias um 16, ou só porque está frio ou porque estás gordo(a), faz exercício porra! Mas, olha, se quiseres trocar a tua vida "miserável" pela dessas pessoas elas agradecem."
É precisamente isso que costumo dizer a pessoas conhecidas, quase todos os dias, quase como no teu post.
E só para concluir, uma pequena piada (sem piada): Graças a Deus e à Igreja Católica que temos eu sou ateu.
cada Homem é o seu próprio Deus e todos os deuses deveriam ser compassivos, sábios, bondosos e tolerantes
GiGi,
muitas vezes temos o que de mais há de precioso bem ao lado e só vemos e nos importamos com o que não nos trará conteúdo...
Quanto ao resto, uso as palavras do Moyle :)
João,
e a tendência da Igreja parece ser a de piorar...
Moyle,
Deveriam, dizes bem...
Sabes que eu por vezes desconfio que o queixume já nos está nos genes?!
Pelo menos no de algumas pessoas...
Bom fim de semana ;)
Pronúncia,
tu desconfias, eu inclino-me para a certeza :)
Gostei imenso do texto, do ritmo e do encadeamento. Mas... há uma ténue diferença entre "insatisfação crónica" e "ambição". Eu acho que devemos sempre querer ser melhores e maiores a cada dia, não em relação aos outros, mas em relação ao que fomos ontem. Devemos ambicionar e lutar por isso. Mas não as coisas fúteis, nem as que não podemos mudar. As futlididades são acessórios, podem até ser "bónus". E o que não podemos mudar, sobretudo em nós próprios, devemos aceitar. Mas se é negativo, aceitar não significa enaltecer. Se é, por exemplo, um "defeito" físico, devemos aprender a contorná-lo. Se é um "defeito" de carácter, devemos aprender a controlá-lo ou mesmo eliminá-lo.
As queixas são legítimas às vezes, todos temos direito aos nossos momentos de desalento, sobretudo quando a vida nos troca as voltas por mais que nos empenhemos. Mas claro que uma queixa porque não se tem um telemóvel topo de gama não dá direito a simpatia da minha parte... É tudo uma questão de saber dar valor ao que é realmente valioso.
Sou agnóstica porque acho que realmente existe uma força maior que de alguma forma perversa nos domina. Mas o conceito de Deus que tenho aproxima-se muito mais do que a religião Católica chama de "Diabo"...
Enviar um comentário