Ao comentar num outro blogue que o achava um dos melhores que por cá andam e que anima (positivamente) as sessões do nosso Parlamento recebi como comentário de outra pessoa (meio em revolta):
"Olha, Treze, o Paulo Rangel é da família ou o quê?? Alguma coisa pode ser boa naquela bancada??"
E a minha resposta foi basicamente no sentido de que não atiro pedras só por ser político. Nem faz sentido - nem faz sentido a da familia... - olhar para um político com o preconceito de: É político, logo é merda.
Quando cheguei hoje ao trabalho encontrei a bancada deixada pelo meu colega como eu nunca a deixo. Não saio sem a deixar impecável, organizada. Mais do mesmo...
Já algum tempo decidi não me chatear mais com estes pormenores e fazer o meu trabalho. Nem posso. Quando vejo as pessoas à minha volta e principalmente o meu chefe dizerem que não vale a pena chamar à atenção porque não vai aprender mesmo apercebo-me que nada há a fazer da minha parte.
Porque já lá está há muito tempo, ou porque é efectivo ou porque não dá para o colocar noutras funções, etc... (Quem sabe o que faço compreenderá melhor o que estou escrever).
E estou a falar de alguém que me é hierarquicamente superior mas cujo trabalho se baseia no mesmo.
Falo de alguém que não trabalha nem metade do que eu trabalho - não estou a afirmar que sou melhor, pois nunca o afirmei e nunca me achei melhor que ninguém - e que ainda se dá ao luxo de lhe deixarem as coisas prontas a fazer. E é daqueles que diz que ninguém faz nada.
A solução - "leio" por entre palavras disfarçadas e expressões - é esperar pela reforma (coisa a expectar entre 5 a 10 anos).
O meu local de trabalho não trata tanto as coisas num sentido de produtividade. É mais num serviço de qualidade. O qual é tratado em equipa.
Mas pego neste exemplo para partir para o país. E num sentido lato, este é o nosso país. O do deixa andar. O do "não há nada a fazer", o do "isso é dificil ou impossivel" portanto não se experimenta. O da falta de coragem e frontalidade.
E volto à questão inicial. Do político = merda.
Será que o político não é o reflexo daquilo que somos? Como podemos exigir ao político aquilo que não exigimos a nós próprios?
Como é que um país que tanto refila nada avança? Estranho, não?
Não deixo de de cumprir com as minhas obrigações laborais só porque os outros não fazem. Faço - felizmente - o que gosto. Mas sei que cada vez o faço mais por mim do que pelo colectivo.
Não sou pessoa de arrastar multidões. Mas quem sabe se ao fazer o que faço até à exaustão, com prazer, diligência, disponibilidade e responsabilidade não estarei a servir de exemplo?
Só sei que fico satisfeito pela forma como me entrego ao trabalho. E apenas exijo que assim o continue a ser.
(E mais uma vez recorro a quem me conhece. Se o digo - e pela forma como o expresso - não é por falta de consciência nem por falta de humildade)
Quanto ao político, sou daqueles que vê para crer e só então critíco, para o bem ou para o mal.
Não posso afirmar que o Paulo Rangel ou o Louçã, por exemplo, dêem um excelente Primeiro-Ministro, pelo simples facto de que não estão lá para os poder julgar.
Mas posso emitir a minha opinião - e defendê-la se necessário ou concordando com opiniões contrárias - relativamente à sua prestação sem ter que ser da familia ou do que quer que seja...
Já deste Governo posso falar. Mas ficará para mais tarde que o post já vai longo...
PS: Se eu bato é porque quero o melhor para o meu país e nunca o oposto. Porque o pior que pode acontecer é tornar-me indiferente. É aí que tudo acaba. É aí que tudo perde o sentido.
4 comentários:
Mais nada! Mas infelizmente isto continua a ser o país do deixa andar. Do "eles é que lá estão no poleiro, para que é que me vou chatear eu?".
Tu andas a escrever muito... Andas, andas :D!
Vá, passa mas é pelo estaminé que tens lá a "sorte grande" (não, não é o Euromilhões...).
;)
Olha que isto não é sobre futebol ;)
Muito bem!!!
Clap clap clap
*standing ovation*
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