«Não vos percebo!
O que é que eu fiz para merecer isto - segundo dizem, cada um tem o que merece -, porque não percebo!
Posso ter feito muita merda. Mas do ponto de vista moral. Coisas que em nada têm a ver com isto.
Nunca vos maltratei, mas vocês insistem em fazê-lo. Em me fazer sentir fraco.
É certo que coisas houve que se pudesse voltar atrás, voltava. Mas isso é de outro índole. Estou a pagar por tal. Agora isto não! Para isto nada contribuí. Era somente um pirralho que nada sabia (continuo sem saber) da vida. Nada nem ninguém podia ou conseguia influenciar.
Não me é permitido aquilo que mais quero. Constantemente deixado de parte. Constantemente a navegar sem rumo.
Bem sei que vocês me disseram, vezes sem conta, que devia levar as coisas com mais calma. Mas porra!, com mais calma e "morria"!
Sempre me disseram que alternativas as havia, que era tudo uma questão de vontade. E quando a vontade não se encontra para aí? E quando o corpo e a mente se inclinam precisamente para onde é impossivel caminhar?
Luto por algo que não sinto? Por algo que me arrasta? Ou desisto?
Nem uma nem outra, creio. Encontro-me no meio do nada. Olho para trás e vejo que nada fiz nem nada semeei. Olho para a frente e vejo escuro. Perdido...
Perante o fim anunciado, que fazer?
Apago as luzes e vou para casa?
Não! Que se foda! Se é para finalizar, que seja em grande. Que se desça a cortina com aplausos e com sensação de nada ter deixado ao acaso nem por cumprir. Não alcançar a realização, mas sair com espírito de dever cumprido. Mesmo sem nada para contar ou acrescentar aos outros, mas viver as experiências a mim prometidas.
Estou farto de não ter coragem para vos dizer a verdade. E esta é a verdade - Vocês foram a minha maior desilusão. Sei que não fui menos para quem importa. Não me desculpo convosco, mas aponto-vos o dedo. Sem dó nem piedade. Foram vocês que me impediram os sonhos. Foram vocês que me "mataram".
Ainda assim, não fossem vocês e eu não tinha vivido para conhecer o que conheci nem conhecer quem conheci, nem amar quem amei e amo.
Não fossem vocês e não teria a possibilidade de fazer o que fiz e o que ainda vou fazer...
A vida não é um fatalismo. É um presente, é um dom. Sem dúvida! Mas há muito abdiquei de muito. Há muito abdiquei de mim. Por mais que a vida seja um dom e que mereça ser vivida, a realidade é que perdi a fé em mim.
Deixo-te, no meio desta nostalgia, o sentimento de que me deste muito apesar de te ter dado tão pouco. Muitas há fantásticas. Poucas há com M. Tu és uma dessas. Esteja onde estiver, estarei a torcer por ti. (Conto-te isto porque sim)»
4 comentários:
Muito bom texto... Bom mesmo!
Mas pergunto-me: porquê "IRC"?
;)
Se não fosses quem és dizia-te. Agora sabendo eu que tens a cabeça que tens e sabendo tu o que tenho, é pensares... Não é dificil :)
Eu percebi... Mas com um texto destes, porque "IRC"?
;)
P.S.: E quem sou eu :D?
Foi o motivo do título que me impulsionou para colocar o texto. Acabei por ter noção que podia fazer melhor. Acabei por não o fazer...
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